Por que o excesso de sal faz mal à saúde?

POR QUE O EXCESSO DE SAL FAZ MAL À SAÚDE?

Há mais de cinco mil anos o sal já era usado no Egito e na China, mas com uma função diferente da que lhe cabe hoje: em vez de servir para temperar os alimentos, era usado para conservá-los da deterioração, já que possui característica osmótica, ou seja, retira água dos alimentos e assim evita que bactérias se proliferem. Em tempos sem geladeira, essa era a forma utilizada para conservar a comida, e assim permaneceu até o início do século 20, quando passou a ser usado como tempero.
Ironicamente, se antes a função do sal era manter a qualidade dos alimentos e, consequentemente, a saúde das pessoas, hoje ele recebe o título de vilão e integra a lista dos condimentos prejudiciais à saúde. Isso não ocorre à toa: o consumo excessivo de sal aumenta a pressão arterial.
O aumento da pressão ocorre por conta da propriedade osmótica do cloreto de sódio, principal componente do tempero, que atrai moléculas de água para si e leva à retenção de líquidos. Quando o sal entra no organismo, ele é absorvido pelo intestino e vai direto para o sangue. Se é consumido em grande quantidade, cai na mesma proporção nos vasos. Como a água do corpo é sugada pelo cloreto, o organismo, na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar a falta de água, eleva a pressão arterial para aumentar o fluxo de sangue circulando.
Acontece que os vasos estão acostumados com um determinado volume sanguíneo circulando em seu interior. Quando a quantidade de sangue circulante aumenta muito, os vasos se contraem para tentar diminuir o fluxo e restabelecer o estado habitual. A constrição dos vasos de fato diminui a quantidade de sangue circulando no organismo, mas a pressão de bombeamento do coração continua aumentada. Consequentemente, o órgão não é irrigado de maneira adequada, justamente quando precisa trabalhar com mais intensidade, o que faz com que seu tecido fique mais espesso. A sequência de alterações pode levar a uma série de problemas graves: hipertensão artérias, problemas renais, arritmia e infarto.

Círculo vicioso
O problema afeta também os rins, que tem como função filtrar as substâncias do organismo, eles são os responsáveis por expelir o excesso de sal. Se não conseguem retirar o excedente de cloreto, ele acaba caindo na corrente sanguínea em quantidade abundante.
Os rins têm papel-chave no círculo vicioso em que o organismo entra a partir do consumo excessivo de sal. Por não eliminarem totalmente o excesso do sódio, eles contribuem para o aumento da pressão e simultaneamente sofrem com a hipertensão, que influencia o funcionamento de todos os órgãos. Em estado normal, os rins são capazes de filtrar 1.070 litros de sangue, mas com hipertensão eles começam a reter os resíduos do organismo. Com isso, a pessoa desenvolve problemas nos rins, que ficam com mais dificuldade para excretar o excesso de cloreto de sódio, reiniciando todo o ciclo.
Em geral, quando há grande desproporção entre as quantidades de água e sal no organismo, o primeiro sinal evidente é o inchaço nas pernas e nos pés. Entretanto, normalmente um descontrole dessa magnitude acontece em pessoas com predisposição genética a ter problemas renais.

O lado bom Esses males não significam que sal e cloreto de sódio devam ser eliminados da dieta. A sua ausência também tem consequências ruins. A necessidade diária de sódio para os seres humanos é de 500 mg, e a ingestão de sal é considerada saudável até o limite de 2 g (aproximadamente 1/2 colher de café) por dia. O consumo médio do brasileiro, contudo, corresponde ao dobro do recomendado.
O sódio é um dos 22 minerais considerados essenciais na alimentação e tem papel fundamental na manutenção do equilíbrio e distribuição dos líquidos corporais (dentro e fora das células), além de contribuir para a contração muscular e transmissão dos impulsos nervosos e do ritmo cardíaco, permitindo o bom funcionamento do cérebro e o controle adequado das funções vitais do organismo.
Quando há uma queda rápida dos níveis de sódio (hiponatremia), os principais sintomas são: diminuição da pressão, confusão mental, letargia, anorexia, convulsões, coma, náuseas, vômitos, câimbras e fraqueza. Ainda, o sal de cozinha é para nós a principal fonte de iodo. A deficiência dessa substância no corpo pode causar deficiência mental e abortos espontâneos.

Fonte: DR. Drauzio Varella - UOL